CR-3.23.2 - IMAGENS DA DEMOCRACIA PRESENTE
(e como talvez delas se subtrair)
PROPOSTA
Datas: Terças-feiras: 24/10 (Le Balcon, uma leitura), 7/11 (Em busca do real perdido) e 21/11 (Considerações filosóficas para uma nova abordagem da política).
É parte de um consenso contemporâneo que a democracia tal como se estabeleceu, notadamente no Ocidente, é a única forma política verdadeiramente aceitável, o que foi muito bem sintetizado por Winston Churchill ao afirmar que a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras. A alternância de poderes mediante eleições regulares, sua representatividade plural e a abertura à dissidência e oposição formariam uma defesa contra todos os totalitarismo, sejam eles de esquerda ou de direita. No entanto, com o auxílio da análise que Alain Badiou faz da peça Le Balcon de Jean Genet, veremos que as imagens sedutoras da democracia escondem sua latente impotência de construir qualquer mudança efetiva na sociedade e em sua política. Com a ajuda da teatralidade de Genet, vamos mobilizar figuras do imaginário político atual e tentar demonstrar que parte dos impasses dos movimentos políticos e sociais estão diretamente ligados à forma como a palavra "democracia" - e algumas noções a ela adjacentes e fundamentais - organizam um pensamento que não é capaz de verdadeiras criações ou alternativas políticas. Como sair disto? A subtração às imagens, como sabemos, se faz através de qualquer coisa do real. Analisaremos então a questão do real a partir de um ponto de vista filosófico - principalmente das obras de Slavoj Zizek e Badiou - para então retornamos à política e tentarmos (re)articular premissas e ideários políticos que possam sustentar uma abordagem distinta e efetivamente criadora das tentativas de emancipação social.